1º Capítulo ---> http://goo.gl/a87Op3

   Sei que para muitos a noite parece sombria e aterrorizante, mas para mim significa o meu momento de paz. Sozinha, na minha cama, abraçada ao meu travesseiro, minha melhor companhia nesses momentos, eu tenho a melhor de todas as conversas, desabafo, não sei certamente para quem ou porque. Apenas falo. Construo um diálogo sobre os incômodos que me perseguem e os dilemas que me seguem.

    

    Nem todos são capazes de entender o que eu estou passando, meu quarto é o único lugar em que me sinto bem o suficiente para expor o que me atormenta. E a madrugada é o único momento do dia em que consigo ser franca comigo mesma, reconhecer meus limites e impor novas posturas quanto a situações que eu forço uma solução incabível.

    Para que contar quantas vezes o tormento do meu relacionamento, da minha casa e do meu trabalho me fizeram chorar?! Eu choro todas as noites, mas isso não me faz mal, por incrível que pareça me alimenta, nutre forças dentro de mim para que eu possa continuar, deve ser por isso que encontro tanta beleza no que ninguém aprecia. Música, um pouco de comida, minhas anotações, meu quarto, minha cama, meu travesseiro, meu mundo, meu particular e tudo aquilo que compõe  o meu eu! A quanto tempo as pessoas deixaram de me enxergar?! E veem apenas o que posso lhes oferecer?! 

     Será que ninguém vê que doí? Ninguém sente comigo a minha dor?! Não é infelicidade!

    Eu só queria que entendessem melhor o que eu sinto quando me machucam. Só justificam com argumentos insanos que defendem seus lados egoístas e massacrantes. Não queria derramar lágrimas por isso, mas é tão ruim assim querer que tudo fique bem, quando todos na verdade só possuem interesse em destruir o seu emocional?!

    Talvez eu esteja me afogando na melancolia sufocante de toda a situação, mas pode ser que tudo isso seja apenas meu EU querendo gritar para que tenha um pouco mais de cuidado comigo, e desconsidere o descuidado que os outros tem. A madrugada e a beleza oculta, o luar, o tom do azul no céu, o escurecer, os sons noturnos e os diálogos que alimento com alguém, que se quer eu conheço, mas tenho certeza que me ouve. 

    A paz que eu sinto depois desses diálogos deve ser exatamente o combustível que alimenta a paz que sinto depois desses momentos. Tenho chegado a uma conclusão e meus próximos passos serão para alimentar a felicidade que ainda não experimentei, a de ser minha antes de qualquer coisa, de me amar e correr atrás do que sempre quis fazer. 

   

    Espero estar certa dessa decisão ao acordar. Já são 4:00 e eu se quer cochilei, preciso dormir para encarar o dia com lucidez nos pensamentos. Um dia vou precisar agradecer, seja lá a quem for que está na madrugada a me ouvir.